Todo ser humano precisa de um território para viver, e nele, uma moradia onde possa dormir.
Os humanos fazem suas moradias num território onde encontra trabalho do qual tira o sustento. Os civilizados disputam a mesma caça - emprego e/ ou trabalho - e, como na natureza, sobrevive o mais forte, que no caso é quem for mais capacitado.
Em contrapartida, nossa moradia é o nosso território específco, onde ninguém que não seja da família tem o direito de "entrar". "Na minha casa, mando eu!". Eis uma das expressões que melhor demonstram o sentido de dono absoluto.
A cidade é um compartilhar de vários territórios, às vezes, até superpostos que estabelecem redes de relacionamentos com diferentes tipos e qualidades. Mas cada cidadão preserva sua moradia conforme as características de sua família e tem que pagar pelo seu conforto, saneamento básico, luz, etc.
Para citar um exemplo, há condomínios com muitos apartamentos de idêntica planta baixa. Mas não há um igual ao outro, pois cada morador o decora de acordo com suas preferências e prioridades. Até mesmo numa família, apesar de todos dormirem na mesma moradia, cada um tem seu canto para dormir e um cantinho "secreto" onde guarda suas preciosidades. Resultado: cada um dos 6,5 bilhões de habitantes da terra tem seu cantinho indevassável - pelo menos nos seus desejos.
Ninguém suportaria viver se a cada noite que se aproximasse tivesse que procurar onde dormir. Mesmo os sem-teto sabem onde irão dormir, onde guardar suas preciosidades. Cada morador de rua tem seu território e o defende com unhas e dentes.
Quem não tem moradia própria, paga aluguel ou invade e toma posse de locais onde possa dormir. E há pessoas que pagam aluguel não porque falte dinheiro para comprar a moradia, mas por um projeto fnanceiro.
Moradia e liberdade
O território dos jovens é onde possam ver e ser vistos por outros jovens, principalmente do sexo oposto. Eles precisam encontrar seus pares, pessoas com quem querem estar juntos e compartilhar aventuras, competições, festas, esportes, disputas, falas, contestações e brigas, além de jogar, falar alto, gargalhar e uma infnidade de outras ações que podem criar na hora. Muitos deles acham enfadonho morar com seus pais, sobretudo em cidades pequenas. Não que a moradia seja detestável, mas é que o seu território fca muito restrito e assim sua performance social fca muito baixa.
Mas é fato que, independente da faixa etária de uma pessoa, ter moradia própria signifca liberdade. Melhor ainda se ela for confortável, espaçosa, bem construída, bonita e saudável. Isso signifca ter alta performance e não se viver assustado, apreensivo e temeroso.
No entanto, vale lembrar que para se ter alta performance em uma moradia seria necessário:
- Ter o sufciente conforto material, com espaço adequado para tudo e todos, numa convivência em que se respeite o "ser-no-mundo" de cada um;
- Estar bem situada para receber boa ventilação e exposição ao sol;
- Ter boa localização, sufcientemente longe do barulho e adequadamente perto dos locais mais necessários para a família;
- Oferecer boa segurança para dormir tranqüilo sem sobressaltos de medo ou sustos;
- Ser, enfm, o local onde todos os familiares tenham prazer em voltar para ela e nela viver.
Texto do psicólogo Dr içami Tiba
Dica do mêsComo Sobreviver à Própria Família
Autor: Mony Elkaïm.
Editora: Integrare
Em certos momentos, o ambiente familiar pode se assemelhar a uma prisão. Quem nunca teve sensações como essa? Em sua experiência como terapeuta, Elkaïm ajudou a solucionar diversos casos de pessoas que julgavam não haver mais saída para a vida em família, desvendando o papel específco do indivíduo no lar, as armadilhas implícitas nele, e como desenvolver esses papéis produtivamente.
Desenhando a Família
Hoje em dia, pai e mãe trabalham fora e filhos vão para as escolas com dois anos de idade. Babás e parentes, principalmente avós, ajudam na criação das crianças. Muitos desses pais estão separados e recasados e alguns avós também. O convívio familiar fica muito curto, o que torna mais difícil passar valores familiares aos filhos. Os pequeninos já nascem no mundo digital (apressados, querendo todo tipo de presente), imediatistas e pulam do presente 1 para o presente 3 sem passar pelo 2 - diferentemente dos avós analógicos, cujos ponteiros passam por todos os números. Os pais vivem a transição entre digitais e analógicos. Os filhos só querem o que vêem pela frente, não se incomodando com o que deixaram para trás.
Pouco convívio com os pais, associado ao consumo incentivado pelos avanços tecnológicos, faz dos filhos pessoas sem história familiar, sem afetos ou tradição, pois vivem o presente e querem o futuro, mas esquecem do passado. Para desenvolver afetividade e vínculos familiares é importante estimular cada filho a desenhar a família, como quiser, sem palpites. Em geral, as pessoas importantes estão na frente e são maiores que as outras. É bom incluir os separados, meio irmãos etc. Desenhar é fácil e gostoso, mas o que realmente alimenta os relacionamentos é cada um falar o que quiser sobre cada figura desenhada. Os conhecimentos fortalecem os relacionamentos e as tradições familiares. Logo estarão desenhando a árvore genealógica da família. Chega então a hora de colar as fotografias na árvore. É como levar os filhos a conhecer como viviam aqueles familiares tão queridos.
texto do psicólogo Dr Içami Tiba
0 comentários:
Postar um comentário